24.12.05

CONTOS DA VÉSPERA DO NATAL VIMARANENSE - O PIÃO NATAL

Há muito tempo atrás, mas já no tempo da actual República, havia, em S.Cláudio do Barco, um bondoso moleiro. Os tempos eram de extrema pobreza e o moleiro tudo fazia para que a sua família não se sujeitasse à fome.
O seu filho era um jovem e alegre rapaz que apenas sonhava ter um pião com que brincar. Corria e saltava pelos montes fora e, muitas vezes, descia até ao rio onde, no moinho, fazia companhia ao seu querido pai.
A fome apertava e certo dia, a mãe do jovem rapaz decidiu usar uma estranha planta para a cozedura da broa. A couve era um bem escasso e nestes tempos de míngua tinha que se poupar para sobreviver.
O garoto tinha andado toda a manhã pelo monte. Tinha corrido e saltado como se disso dependesse a sua vida! Havia sido um principio de dia muito fatigante. Ao chegar a casa o rapaz viu a broa e exclamou:
- Chiiiiiii mãezinha! Nem sabes a fome que trago!
- Saltasses menos! - disse-lhe a mãe sorrindo.
- Posso comer a broa? - interrogou o rapazinho, com cara e olhos de quem estava com medo de ser sovado.
- Come-a pr’aí! - respondeu-lhe a mãe, tendo pena de não ter mais nada para lhe dar.
Cheio de fome o jovem menino resolveu comer a broa toda. Não sobrou nem uma migalha. Saiu de casa para mais uma tarde de brincadeira. Ao chegar junto de um velho pinheiro manso viu um estranho personagem vestido de vermelho...
- Quem és tu? - perguntou o inocente menino
- Eu sou o Pai Natal! - respondeu-lhe, entusiasmado, o anafado personagem.
- Cuidei que o Pai Natal não existia – sentenciou, firme nas suas convicções e ideais, o jovem petiz.
- Toda a ilusão é realidade até prova em contrário! – exclamou, rindo muito alto, aquele que de vermelho se vestia.
- Porque te ris assim com tanto estrondo que pareces o barulho que vêm ás vezes das nuvens, quando o céu fica escuro? – inquiriu a curiosa criança.
- Achas que o meu riso parece um trovão? Rio-me porque se eu não o fizer nínguém o vai fazer por mim...Percebes?
- Não. - respondeu o rapazote com uma sinceridade olímpica.
- Se tu não te rires ninguém se vai rir por ti! Entendes? – berrou-lhe o Pai Natal para que o menino percebesse esta sua máxima.
- E vais me dar um pião no Natal? – quis saber o menino, tendo aproveitado para desconversar de uma maneira que só ás crianças se permite fazer.
- Hummm...está bem! – anuiu o bonacheirão distribuidor de presentes.
- E posso ser o teu protégé? - perguntou o jovenzinho, saindo um bocado do contexto.
O Pai Natal já tinha desaparecido e esta última pergunta ficou sem resposta.
Alguns dias passaram e o dia de Natal chegou. A pobre família, que não tinha dinheiro nem para bacalhau nem para cabrito, resolveu que seria uma galinha a sua simples, mas feliz, ceia.
Inquietado e expectante com a promessa que lhe tinha sido feita o menino colocou o sapatinho junto à chaminé e foi-se deitar. No dia seguinte acordou (caso contrário estaria, provavelmente, morto) e foi de imediato à sala. Lá estava, tal como prometido, um pião. A sua alegria incontida acordou toda a casa e valeu-lhe um par de galhetas. Pouco tempo depois brilhava a felicidade nos olhos de uma familía que, apesar da sua simplicidade, tinha feito do seu filho o menino mais feliz do mundo. E nunca ninguém pôde tirar aquele momento àquela criança, àquela família...
É claro que não foi o Pai Natal que pôs o pião no sapatinho. Foi o bondoso moleiro que, durante uns dias, passou a utilizar os intervalos do seu duro trabalho para moldar um pedaço de madeira como podia e sabia. Acabou por conseguir fazer um rudimentar, mas funcional, pião. E conseguiu com isto uma enorme prenda para si mesmo: vêr aquele brilho nos olhos do seu filho.
O Pai Natal que a criança viu não passou de uma alucinação provocada pela estranha planta que a sua mãe usou na cozedura da broa. Foi uma ilusão que, para o miúdo se tornou, por uns anos, uma feliz realidade.
Ainda bem que o puto não teve uma bad trip!
Bom Natal !

Otelo de Guimarães

23.12.05

BOAS FESTIVIDADES


Tempo de Natal e Ano Novo, tempo de reflectir e fazer balanços. Ao longo de três meses o 4800GMR mostrou uma forma cínica de estar na cidade. De viver a cidade. De ser ainda mais vimaranense. Agora é tempo de descansar a escrita, comer bacalhau e peru, passear pelaColina Sagrada, pela travessa de S. Crispim, por Santa Maria de Souto e recordar histórias antigas de Natal e Ano Novo. Prometemos voltar ainda mais apurados depois do nevão marcado para 31 de Dezembro, na Praça de Santiago. Dois mil e seis é nosso. Boas Festas para todos, em geral, e para o Vítor Pontes, em particular.

Jacques, Carlos & Otelo de Guimarães

21.12.05

A GAITA

Muitos de nós já se confrontaram com o maior exemplo de parolice que grassa, por estes dias, nesta cidade: a gaita de Natal. Um pouco por todo o centre ville, da Oliveira a S. Dâmaso, de S. Gonçalo a Santiago, ela ali está todos os dias sem descanso para almoço ou para jantar, a debitar músicas de Natal e publicidade do mais elementar mau gosto: “Elvis bar, é o que está dar”, “Seja qual for a sua ideia, vá ao A. Gouveia”, “Boas Festas só nos Supermercados Freitas”. Só falta mesmo o “Prostíbulo Guimassexo deseja a todos os seus clientes e amigos um Feliz Natal e um Ano Novo bem maroto com a remessa de latino-americanas que acabaram de chegar””. Pelo meio ainda há lugar para o Do They Know It’s Christmas, para o cd do coro de Santo Amaro de Oeiras com aquele canto que diz que não sei quem “gostava de crianças”... Tudo isto é do pior, do mais bacoco, do mais parolo que esta cidade tem. Os arautos do mau gosto e da parolice são dois e têm nomes: rádio Santiago e a ACIG. Não sei que raio de estratégia comercial é esta e se haverá alguém que pense “tive uma ideia, vou ao A. Gouveia comprar uma prenda”, ou “esta esbelta publicidade aos supermercados Freitas faz com que me meta no carro e altere os meus hábitos de consumo e vá lá estoirar cinquenta contos em mantimentos para o Natal”,. Sinceramente, não acredito que, num universo de 100 pessoas, mais de três se deixem influenciar por esta publicidade de cordel. Para mim, e para todos aqueles que, como eu, têm bom gosto, o efeito é só um: não gasto um puto dum cêntimo nas lojas que anunciem nesta gaita nojenta e parola, que por apelar tanto ao espírito de Natal, o esvazia completamente. O lema é simples, caro leitor: este Natal, nem um chavo no comércio tradicional.

Jacques Guimarães

20.12.05

CONTOS DO NATAL VIMARANENSE - O TROVADOR DE SANTA MARIA DE SOUTO

Há muitos anos atrás, ainda não tinhamos chegado à actual República, vivia em Santa Maria de Souto um talentoso trovador.
Sensível e delicado, era muitas vezes posto de parte por esta maneira de ser. Embora fosse olhado com suspeição por quase toda a gente, sempre que havia festa na aldeia, era convidado a participar devido ao seu extremo talento.
Era um apaixonado pelas crianças e não suportava vê-las sofrer. Ajudava os pobres com o pouco que ganhava com a sua música. Era, para ele, prioritário ajudar os outros.
Num certo Natal, farto de ver as crianças da sua aldeia berrarem de fome, decidiu que iria arranjar uma Ceia decente para todos.
Dirigiu-se à cidade (Guimarães) e parou na primeira venda que encontrou. Tencionava cantar as suas trovas e, com o pouco dinheiro que recebesse, iria ajudar as crianças mais desfavorecidas da sua aldeia.
Ao entrar na venda, o taberneiro riu-se dos modos como trajava o jovem trovador:
- Ohohoh! - trovejou o taberneiro (num riso que agora seria, facilmente, identificável como sendo o do “Pai Natal”) – Que quer vossemecê?
- Saia uma meia malga de leite - pediu o trovador para aquecer a sua cristalina e delicada voz de estorninho.
- Ohohoh! - riu-se o taberneiro (de um modo que a muitos faria lembrar o “Pai Natal”) - aqui não bebes leite, bebes vinho e é se queres ser homem!
- Mas porque me fazeis isto?! Só quero ajudar as pobres crianças de minha terra...O vinho queima-me a voz...- retorquiu, em voz baixa e respeitosa, o trovador.
-Ohohoh! - urrou o taberneiro (de uma maneira que, segundo alguns especialistas, viria a influenciar de forma inegável o riso tradicional do, naquela altura inexistente, “Pai Natal”) – Então é melhor que saias, pois que teus jeitos e apetites não são aqui apreciados...
-Então lanço-vos um desafio ó estalajadeiro! - vociferou, na medida do possível, o trovador.
- Taberneiro!! – corrigiu, indignado, o dito taberneiro - isto aqui não é uma estalagem. É uma venda! Uma taberna!
- Perdoai-me ó vendedor... – desculpou-se o trovador, usando a palavra “vendedor” de maneira claramente provocatória. – O desafio que vos lanço é o seguinte: peço-vos que bebais um litro de leite de cabra de uma só vez e que danceis ao som de uma trova minha. Caso vos consigais manter de pé até ao fim da trova dar-vos-ei os meus pertences. Caso tal não aconteça ficarei com todos os alimentos desta venda!
- Ohohohohohoh! – rosnou o taberneiro (de uma maneira que terá influenciado Thomas Nast, o homem que publicou em 1866 o primeiro desenho do “Pai Natal” e que se supõe que se encontrava ali a comer um salpicão, a criar uma das personagens que o tornaria famoso) – Aceito o desafio, ó patego!!
O taberneiro bebeu o litro de leite, limpou os beiços às suas vestes e riu-se, mostrando todos os seus dentes impecávelmente podres. A música começou com um ritmo rápido tocado pelo trovador e acompanhado por murros na mesa dados pelos clientes. O taberneiro abanava a sua grande barriga enquanto dançava e saltava. Ao longo da dança ia emitindo mugidos de alegria pois pensava em ficar com os poucos pertences do trovador. Este continuava a tocar, com um sorriso cínico, e suava com o calor que se fazia sentir.
Pouco tempo depois o taberneiro caiu, inanimado, no chão. O leite tinha coalhado no seu estômago e tinha tido uma paragem digestiva fatal.
O trovador, altivo, pegou em vários tipos de comida e saiu em silêncio.
Voltou a Sta. Maria de Souto e presenteou as crianças pobres da sua terra com o melhor manjar que elas já alguma vez haviam tido...
Se é verdade que não há nenhuma lição moral a tirar deste conto (visto que o trovador, no fundo, comete um homicídio premeditado) não se pode negar que esta história é de uma beleza ímpar no imaginário natalício vimaranense...
Otelo de Guimarães

17.12.05

PLV (PENSADOR LIVRE VIMARANENSE) - MARTINHO MARTO

Provavelmente o nome Martinho Marto não vos diz nada. Foi um dos maiores filósofos de Guimarães. Não me vou prender em detalhes biográficos, apenas vos digo que quando faleceu, há dois dias, eu estava lá.
Martinho, como nós, os seus amigos, o tratávamos carinhosamente (sem que ele nunca se tivesse apercebido, pois julgava que o estavamos a tratar pelo seu primeiro nome quando de facto usávamos um diminutivo do segundo) era um génio. Sofria de graves problemas de dislexia que devido ao seu carácter obstinado nunca quis admitir nem tratar. Nunca deixou nada escrito. Seguiu a tradição socrática e era, também, analfabeto. Li-lhe Nietzsche, Platão, Schopenhauer e muitos outros filósofos mas continuou sempre a pensar pela sua própria cabeça. Ultimamente, acamado, pedia-me para lhe lêr devagar os artigos do Eduardo Prado Coelho que lhe abriam o apetite. Longas noites de Inverno passamos em Donim (freguesia onde a humidade tem uma luminosidade muito própria) e eu, à lareira da sua vivenda, bebia de um saber único.
Quanto às teorias filosóficas há gravações e a sua publicação está para breve. Mas o importante é que Martinho Marto tinha uma teoria para Guimarães, um projecto cultural. Apesar de ter sido contra a geminação de Guimarães com Igualada devido a um problema de semântica (sobre isso gravou um poema que eu aqui transcrevo: “Passeio por Guimarães/ pelas pedras da calçada/ vejo nela muitos bens/ nunca será [i(?)] Igualada!!”) ele tinha um plano para Guimarães. Marto queria desconstruir culturalmente Guimarães. Isto é queria que fechassem museus, bibliotecas, espaços públicos de espectáculos, associações culturais e cinemas. Queria libertar Guimarães de estímulos culturais para que se desse espaço a um pensamento livre como o seu (não o do leitor mas o dele, Martinho Marto). Guimarães iria tornar-se o cérebro de Portugal. Gentes de todas as partes do mundo iriam discutir Guimarães. Jovens desesperados, procurando uma orientação para a sua vida, iriam acorrer à “cidade-guru”. Guimarães seria a capital do livre pensamento. Desconstruir para construir.
Nos últimos anos estive ao lado de Marto. A agonia ia crescendo e por vezes eram algumas das pequenas mentiras que eu lhe contava que o deixavam um pouco mais animado. Fazia-o crêr que a cidade estava, aos poucos, a tentar por em prática a sua teoria. Disse-lhe, por exemplo, que o Cineclube tinha acabado e que o Guimarães Jazz já não se realizava há dois anos.
Nos ultimos dias o estado de Marto tinha piorado consideravelmente. Resolvi, a pedido da sua jovem mulher, pôr fim a uma situação que se tornava humanamente degradante. Contei-lhe que o que eu tinha dito sobre o Cineclube e o Guimarães Jazz era mentira. Para terminar de vez com o seu sofrimento disse-lhe que existia em Guimarães um Centro Cultural (Vila Flor). Marto chamou-me, encostei o meu ouvido à sua boca para ouvir as últimas palavras de um homem que, mais do que um amigo, foi um mentor...No silêncio do seu quarto Marto disse: “Otelo, sabes o que és...?”. Eu afastei-me e fiz uma pequena dissertação sobre a condição humana, quando me voltei Marto tinha morrido. Agora, com a lucidez que só o distânciamento permite, vejo que talvez Marto me quisesse dizer algo com o seu último folego, algo que não concluiu.
O que eu quero com este texto é que fique na memória dos homens que existiu um homem entre nós que teve uma ideia diferente. Com isto talvez se conclua que o que hoje parece absurdo amanhã poderá ser considerado genial.

Otelo de Guimarães

PS: Espero que com isto não fiquem a pensar que defendo, por exemplo a alarvidade de se construir um aeroporto no lugar da Ota.

16.12.05

4800 TOPS - OS TRÊS MELHORES QUIOSQUES

1 - Tabacaria Cuca
2 - Quiosque do GuimarãeShopping
3 - Márinho (seria, naturalmente, o primeiro, mas deixou-se consumir pela voragem inexorável do tempo)

14.12.05

UM PROBLEMA, UMA SOLUÇÃO

Quem vem e atravessa a Guia, junto ao museu Alberto Sampaio, vê paisagem montanhia e betão que dá desmaio. Isto para não falar na beleza imponente da Igreja dos Santos Passos. Ficamo-nos pelas suas traseiras e pelo cimento que aí cresce, como que querendo engolir a frondosa montanha – serra, para os amantes da água – da Penha. Eis-nos pois perante o dilema da dualidade paisagística: por um lado, compreendemos aquelas edificações como o preço do progresso, como a semente de uma nova centralidade. Por outro, pensamos se isto não podia – ou deveria – ter sido feito noutro lado: mais plano, logo de mais fácil acesso, e mais afastado do quadro de inspiração quase romântica que aquela paisagem nos oferece. Um bom exemplo desse outro lado seria a Veiga de Creixomil. O que é certo é que, pelo andar da grua, aquele verde que se ergue por trás da Igreja dos Santos Passos, e que apenas é interrompido por um aglomerado de parolas vivendas, tem os dias contados. Não há volta a dar. Por isso há que estudar uma solução para o seu preenchimento urbanístico, de acordo com as mais prementes necessidades da cidade de Guimarães. Mais uma vez, e dentro da dualidade paisagística, categoria “preço do progresso”, duas soluções se perfilam. Uma diz-nos que se deve construir em qualidade, oferecendo habitação, comércio e serviços maioritariamente destinados às classes A e B. Não concordo com esta solução, uma vez que esse é o pensamento dominante em toda a construção civil que se faz em Guimarães. É necessário uma ideia de construção civil alternativa. É aqui que surge a solução mais sensata para o preenchimento do verde montanheiro, aquela que devolveria Guimarães às capas dos jornais, à ribalta urbana e a fina mas sólida áureola de uma grande cidade: naquele espaço deveria existir uma favela. Ali existem todas as condições geográficas para a edificação de um bairro dessa tipologia: fica no sopé de uma montanha – é o tradicional “morro”, é visível do centro da cidade, o que o torna altamente imponente e ameaçador, potencia as célebres descidas para a limpeza. E depois, a existência de uma favela em Guimarães só traria mística à cidade: haveria mais excursões, o centro histórico repartiria o primado de pólo de atracção (e todos sabemos quão estimulante a concorrência pode ser), o turismo jovem e o turismo de alto risco cresceriam em flecha. A Favela teria um nome mítico, tipo Cidade Santa, Samarcanda, Focinho de Porco, Penha de Babel, Penha do Açucar ou algo assim, e os seus perigosos habitantes formariam uma respeitável claque para o nosso Vitória, ou mesmo até um clube que com ele rivalizasse. Já me estou a ver na Senhora da Guia, à noite, a contemplar a favela, a ouvir ao longe uma ou outra bala perdida, a pressentir um perigo tranquilo. E a sentir-me, por fim, numa grande cidade.

Jacques Guimarães


Vista virtual da grandiosa Favela de Guimarães. Nomes aceitam-se.

13.12.05

DIA DE SANTA

Hoje, como habitualmente aos treze do doze, foi dia de Santa Luzia. A equipa do 4800 GMR não pôde deixar de se associar a esta festa pagã, onde a genitália é exultada sob as vestes da Santa (ora aí está um trocadilho altamente pagão). Assim, e durante uma hora, os membros do blog (chiça, isto está a ficar trocadilhantemente pior) deambularam pela artéria Agra – outrora artéria Santa – e comeram passarinhas e ofereceram sardões (os trocadilhos pioram de período em período). Só faltou mesmo vestirem o lendário capote sexual de um reputado estilista da praça da Oliveira e arderem de paixão nas escadas do Picoto. Mas desenganem-se os voyeurs. Os Guimarães do Quatro Oitocentos estiveram a assistir ao mirabolante concerto do Homem Orquestra, o Senhor Elias Rodrigues, e depois foram beber vinho quente ao Quim Conas. Já cambaleantes, comeram outra passarinha e terminaram a festa a contemplar a fealdade da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (ou do Pronto Socorro, não é claro), depois de uma Avé Maria rezada com fervor beato na capelinha da Santa Luzia. Afinal, o dia era dela.

CG, JG & OdG

CONTOS DO NATAL VIMARANENSE - O AVARENTO DA TRAVESSA DE S. CRISPIM

Na Travessa de S. Crispim morava, há muitos, muitos anos, um senhor chamado Ebenezer Fernandes. Esse senhor trabalhava num Banco ao largo do Toural, que era o largo onde ficavam todos os bancos da cidade. Até bancos de jardim e de esperma lá havia. O senhor Ebenezer não era um senhor normal, como todos os senhores de Guimarães. Para além de ser simpatizante do Braga, era um avarento sem medidas. Passava a vida a poupar em tudo e andava sempre com a mesma roupa: camisa branca e mangas de alpaca, calças cinzentas, fraque preto e cartola em segunda mão adquirida no Martins Chapeleiro. A casa do senhor Ebenezer Fernandes era um exemplo da sua avareza: o rés do chão, feito de terra batida, estava arrendado à família de um pobre mendigo chamado Geromel, composta por ele, mulher e quinze filhos, frutos de um catolicismo devoto e de uma acérrima recusa de uso de contraceptivos. O senhor Ebenezer Fernandes morava sozinho no segundo andar, composto de dois T3 duplex geminados, com chão em madeira de macacaúba. No sótão da casa do senhor Ebenezer Fernandes, para além de várias dosagens de ópio e míscaros alucinogénios colhidos na Colina Sagrada, existia um grande tesouro fruto da usura que o senhor Ebenezer Fernandes praticava com os vimaranenses mais aflitos. Esse tesouro era composto de várias relíquias de Arte Sacra, dentes de ouro arrancados a alguns devedores, ouro e pedras precisosas sujas de sangue índio das colónias ocidentais portuguesas. Isto para não falar em milhares de moedas valiosas e uma estátua de granito do Rei Afonso. Para além disso, o senhor Ebenezer Fernandes tinha vários quadros do Renascimento Italiano e Português: dois de Piero de La Francesca, outro de Grão Vasco e mais um de Vasco Carneiro. Que belo espólio tinha o senhor Ebenezer Fernandes! Era o que dava ser usurário, bancário e avarento ao mesmo tempo.
Na noite de Natal, chovia torrencialmente em Guimarães. Na travessa de S. Crispim, o mendigo Geromel preparava psicologicamente a família quer para a ausência de presentes, quer para o facto da ceia desse ano ser constituida por caldo de raízes de outeiro e chá de musgo do Padrão do Salado. O senhor Ebenezer Fernandes chegava a casa depois de ter parado na mercearia Pithéu para comprar – com regateio de preço - um rechonchudo peru. Como fazia todos os Natais, iria cozinhá-lo com as melhores especiarias e comê-lo sozinho.
Naquela noite não parava de chover. O senhor Ebenezer Fernandes cozinhou o peru com todo o requinte enquanto sorria cinicamente ao ouvir o choro das crianças famintas do rés do chão. Assado o Peru, levou-o para a sala e lá se sentou, preparado para comer aquele belo pitéu sem ter de partilhá-lo com mais ninguém. Os seus olhos brilhavam ao contemplar o serrim que ele próprio fizera. De repente, um trovão ecoou por toda a cidade. A chuva e o vento tornaram-se mais intensos. O senhor Ebenezer Fernandes ouviu um barulho vindo do tecto da sua casa, sustentado por vigas de carvalho a necessitar de um pequeno restauro. Mal teve tempo de olhar para cima, quando uma dessas vigas ruiu e o prostou no bonito, porém frágil, chão da sua casa. Depois da primeira viga, a tempestade e o peso do seu espólio encarregaram-se de fazer ceder o tecto e a viga restante, precisamente sobre a cabeça do senhor Ebenezer Fernandes. É justo dizer que o senhor Ebenezer Fernandes gania de dor. Pudera, tinha os queixos desfeitos e os seus dentes espalhados pelo chão. Mas o pior estava para vir, milésimos de segundo depois, quando o resto do tesouro lhe caiu em cima e uma salva de prata de sessenta quilos, qual guilhotina, lhe cortou o tronco em dois. O desiquilíbrio de uma estátua do rei Afonso, feita de granito e penhorada a um devedor, foi a estocada final: esmagou-lhe o crânio e abriu uma fenda no chão da sua casa. Desta feita, choveu riqueza e um peru assado no rés do chão. O pobre Geromel nem queria acreditar: estava rico e tinha que comer. Que santo Natal teve ele, a sua mulher e os quinze catraios. A vida desta família mudou para melhor, depois do trágico acidente de Natal que levou a vida ao senhor Ebenezer Fernandes, o avarento da Travessa de S. Crispim.

Jacques Guimarães

9.12.05

O HACIENDA DE GUIMARÃES

É muitas vezes referido que, durante a semana, não há noite em Guimarães. Tal é abslotutamente falso por duas razões:
1) Eu sou uma testemunha viva que há noite durante a semana em Guimarães. Posso afirmar que já vi, por várias vezes, o sol pôr-se e a escuridão cair sobre a cidade (isto metaforicamente falando).
2) Há “noite” durante a semana em Guimarães. Vida nocturna. Eu já a vivi algumas vezes e, agora, posso afirmar que pelo menos uma vez por semana há, na nossa bela cidade, um local de culto para os boémios e noctívagos.
Existe neste momento um local onde, durante a semana, se vive intensamente o espirito boémio. Dirigia-me, numa quarta-feira à noite, para casa de um amigo no Bairro da Nossa Senhora da Conceição quando, junto ao edifício dos bombeiros vi o que me pareceu ser um motim. Prontamente dirigi-me à concentração da populaça. Levava comigo a esperança de poder salvar a vida a algum oriental que estivesse a ser vítima de um súbito acto de xenofobia ou a de tentar evitar uma “Revolução Cultural” em Guimarães. Ao chegar junto do aglomerado de pessoas vi que eram, na sua maioria, jovens que se divertiam conversando uns com os outros enquanto bebiam um copo.
Horas depois acordei no Hospital S. Oliveira. Tinha tido uma quebra de tensão e consequente desmaio, provocada por uma forte emoção. Ao ser questionado pelo médico sobre a causa de tal emoção respondi-lhe que ver a juventude da minha cidade a divertir-se, aquela hora, naquele dia, me tinha causado franca surpresa. Após ter sido insultado em castelhano abandonei o hospital.
Na quarta-feira seguinte munido de um pacote de açucar, de um saleiro e imbuído de um forte espírito de missão, voltei ao local do sucedido.
Ali: a massa jovem movimenta-se e sorri. Os corpos, com todo o fogo que só a juventude tem, etilizam-se em espasmos de diversão. Vêm-se sorrisos, vêm-se esperanças. Contudo, não se pensa no futuro. O passado só é recordado em pequenas histórias divertidas contadas aos ouvidos. Há no ar o aroma da cumplicidade. Sente-se uma promiscuidade casta que só a inocência de um jovem (ainda que tenha o peito cheio da sua sabedoria) nos pode dar. Há luz e ouve-se uma música...
“Isis e Osíris- a realidade misturada. Tudo é possível até a nossa própria vida!”- Exclamariam os mais instruídos, citando alguém. Chiça!-exclamei eu!
Ora este local fez-me recordar (não pela sua música nem pelo seu aspecto) a defunta discoteca Hacienda, em Manchester. Há, neste local a esperança de criar - ou de fazer parte - de algo novo... Mas é a magia o ponto de convergência destes dois locais. E neste ponto são, certamente, iguais. Sente-se um cheiro a magia no ar e, por incrivel que pareça, também paira no ar um leve cheiro a fritos. Foi entre um whisky (a um euro) e um pão com um panado que me voltei a sentir mais humano na nightlife vimaranense.
Humano, demasiado humano.
Obrigado Pastelaria S. José.

Otelo de Guimarães

7.12.05

CARTILHA 4800 - LETRA M

Miranda e Marques, membros da Máfia, mancomunados, martelam moeda falsa num armazém na Madredeus. Metem as moedas no Mercado, almejam ser membros da maçonaria e, manifestamente emocionados, amaldiçoam a metadona que andam a mamar.

PENSAMENTOS INÓCUOS SOBRE A VIMARANENSIDADE (II)

Uma das minhas grandes dúvidas quanto à vimaranesidade reside na seguinte situação padrão: há um fulano com o qual eu não falo, mas conheço de vista das várias voltas e revoltas na cidade. Se o visse em Londres, quase de certeza que tomaríamos um café, depois da tradicional e circunstancial troca de palavras composta pelo chavão “é de Guimarães, sou, coisa e tal, estou a reconhecê-lo, então por aqui”. Todos nós já passamos por isto. E se isto se passasse na Guimarães de calções – Póvoa de Varzim? Imaginem este cenário infernal: avenida dos Banhos, sol e nortada, aquela gaita a debitar música e publicidade da mais reles estirpe. São seis e meia da tarde. No meio da maralha, no sentido contrário ao nosso, um vulto. As formas que se definem com o aproximar, metro a metro, passo a passo. Esse vulto torna-se familiar. Este vulto é o mesmo vulto que por nós passa todos os dias em Guimarães e que nós nos recusamos a cumprimentar, rejeitando, destarte e com um virar de olhos, um conhecimento vazio e oco. Cumprimenta-se ou não? Se o cumprimentarmos, somos provincianos? E se o ignorarmos, estaremos a ser cosmopolitas? O que é que é mais vimaranensista?

Jacques Guimarães

6.12.05

CARTA DE SEVILHA OU OBRIGADO MÁRIO SÉRGIO

Decidi ir ver o Vitória a Sevilha. Fiz como fizeram muitos adeptos que ainda antes do intervalo, viam nas caras uns dos outros o espelho da sua própria desilusão. Quanto ao que se passou no estádio faço este resumo: prefiro não falar de futebol. Resta-me dar os parabéns aos adeptos que se deslocaram aquela bonita cidade do sul de Espanha. Fica aqui também um abraço especial para o Dr. Carlos Guimarães em cujos olhos vi feixes de esperança antes do jogo e que, misteriosamente, não deu mais sinais de vida no final do mesmo...
Pelo caminho: hordas de vimaranenses seguiam à velocidade que podiam para a cidade de Sevilha. Nas paragens da auto-estrada era vêr o vinho verde, já bem longe da sua região demarcada, a dar o mote a mais umas horas de desgastante condução. Para comer havia broa, panados, empadinhas e salgados de natureza e carácter diverso. Seguiam animados os vimaranenses. Tudo indicava tratar-se de uma nova conquista. Todos se saudavam com uma calorosa amizade. E eram carros e camionetas que iam invadindo as estradas rumo ao Sul.
No nosso carro cantavamos cânticos vitorianos e, mais a sul, os êxitos que passavam na rádio Gilão.
Em Sevilha, o espectáculo era comovente. Em frente ao estádio Sanchez Pizjuán os adeptos do Vitória faziam a festa. Do jogo não falo. Só falo da cidade, que é muito bonita, com monumentos bem aproveitados turisticamente, com uma Expo 29 a dar brilho à cidade e com uma Expo 92 deixada ao abandono. Sente-se em Sevilha um pulsar cosmopolita não só dado pelos seus 1.5 milhões de habitantes (área metropolitana) mas também pelas suas duas Exposições, Ibero-Americana e Mundial. O que eu quero dizer com isto é que não podemos comparar uma Expo 92, ainda que meio em arruinada, ao Parque Indústrial de São João de Ponte!
Há também a belíssima Catedral com a torre Giralda, do cimo da qual vemos toda a cidade e algo mais: tal como da Penha se vê o mar em dias limpos, há quem diga que da Giralda se avista quase toda a Andaluzia.
Obviamente não vou falar de barbeiros.
À vinda: nada a assinalar. Apenas alguns pensamentos soltos que culminaram nestas linhas sem sentido e num leitão na Bairrada.
Considerações: Fiquei positivamente estupefacto com a cidade. Não sei o que possa mais dizer. Só escrevo estas linhas porque sei que Sevilha é, neste momento, assunto tabu em Guimarães. Ainda anteontem, durante as Posses, impedi um insuspeito vimaranense de vandalizar o “Salão Sevilha”, à rua de Camões.
Sim, também tive vontade de atirar um certo e determinado jogador do VSC ao Guadalquivir.
Sinceramente não sei o que quis dizer com tudo isto. Intrepretem-me.

Otelo de Guimarães

DISCURSO SOBRE INCOMPREENSÕES VIMARANENSES (II)

Jaime, tu sabes o que se passa. Sabes que eles te andam a fazer a folha, que alguns estão zangados contigo, que mal te falam. Caramba, Jaime. Tu só dizes palavrões. Chamas nomes às mães deles, pareces mais de cá do que eu. Jaime, tu sabes o que se passa. Sabes que tens os melhores adeptos do mundo, que cantam que são da equipa até morrer quando a sua equipa está a perder por três a zero, em casa, contra uns fulanos que têm tantos gajos a assistir aos jogos quanto os convidados das minhas festas de anos. Isso quase faz chorar, Jaime. Tens violinos e bombos, Jaime. Estás sempre a pedir desculpas aos adeptos, Jaime. Tens culpa, Jaime. Não tens culpa, Jaime, a culpa é deles. Tu sabes o que se passa, Jaime. Sempre soubeste. Gostas de Rui Veloso, Jaime, mas não te lembras das Regras da Sensatez: “Nunca voltes ao lugar / Onde já foste feliz / Por muito que o coração diga / Não faças o que ele diz.”

Jacques Guimarães

5.12.05

CONTOS DO NATAL VIMARANENSE - O PERU MÁGICO

Muitas vezes associam-se os contos de Natal a histórias de encantar cheias de fantasia. Infelizmente não é sempre assim. A realidade dá-nos, muitas vezes, beleza no meio de infortúnio e miséria. E muitas das mais belas fábulas do Natal Vimaranense não são para serem contadas às crianças.
Há muito tempo, mas já no tempo da actual República, prostituiam-se junto ao castelo três mulheres: avó, filha e neta. Viviam-se tempos difíceis (PREC) e os únicos príncipes encantados que estas senhoras conheciam eram alguns habitantes do burgo que, por cinco coroas, esperavam delas aquilo que já se sabe... A única familia que possuiam era a própria (como acontece, alías, com muitos de nós). A vida era dura e elas trabalhavam todos os dias do ano.
Numa gélida noite de véspera de Natal, algo de diferente aconteceu. Avistaram na Colina Sagrada - onde mais poderia ser? - uma luz branca que se movia por entre denso nevoeiro. De repente, as três saltam, surpreendidas, quando um peru assado cai (ou “esvoaça”, como foi descrito na altura) perto delas. Um milagre! - exclamaram as três, excitadas e famintas - ao verem o cheiroso peru ali tão perto, tão acessível. Com este manjar ao seu dispor esta foi a primeira noite de Natal que passaram em casa. Na cidade falava-se em milagre...
Mas os milagres nem sempre são divinos. Anos mais tarde um homem, moribundo carcomido pela gota, sussurrava ao ouvido de uma enfermeira um terrível segredo. Tinha sido ele que, naquela véspera de Natal, tinha saido de casa, munido de uma potente lanterna, e tinha atirado o peru para aquelas de quem era habitual cliente. Haverá maior prova de caridade?
Foi um milagre!

Otelo de Guimarães

GMR 4 800 000

Quatrocentos mil vimaranenses participaram, no passado dia 29, no secular desfile dos Pinheiros. Estima-se que mais de um milhão de pessoas assistiu ao cortejo, relegando para segundo plano as festas da Senhora de Fátima. Oito pinheiros de vinte metros de altura percorreram as avenidas da cidade ao som das batidas das caixas de ritmos devidamente programadas de acordo com o toque de cada escola. Este ano, a vencedora foi a Escola Pinheirista da Abação que, com um espectáculo rítmico acompanhado de halogramas de velhos nicolinos, deixou para trás as prestigiadas batidas drum and bass nicolino da Escola Pinheirónica Egas Moniz. De lamentar, como sempre, o elevado número de mortos. Este ano pereceram seis bovinos que imediatamente foram transportados para o talho oficial das Festas.

3.12.05

A CIDADE E A SERRA

Será Guimarães uma cidade de Montanha?
Este é sem dúvida o tema que importa discutir na nossa cidade. Bem se compreende, pois da resposta que um dia vier a ser dada a esta pergunta depende muito do nosso desenvolvimento. Assim sendo, atenta a importância da matéria em questão e considerando o efeito multiplicador que a existência de uma resposta poderá ter na economia local, aqui ficam algumas notas acerca da matéria:
a) É bom de ver que Guimarães tem uma montanha. Sem querer citar nomes direi apenas que quem estiver no Largo República do Brasil a contemplar as torres que enfeitam a igreja dos Santos Passos não terá dificuldade em identificá-la.
b) Mas será a existência dessa montanha suficiente para qualificar a nossa cidade como uma cidade de montanha?
Dizem alguns que uma cidade de montanha tem, obrigatoriamente, que ter condições para a prática de desportos de Inverno;
Dizem outros que a montanha que qualifica a cidade tem que ter pelo menos 2000 metros, ou então haver um conjunto de pelo menos 7 montanhas com altura sempre superior a 1000 metros;
Outros ainda afirmam que o estatuto “cidade de montanha” não é compatível com o estatuto “cidade património mundial”;
E, há mesmo que afirme que não pode haver uma cidade de montanha sem que haja um vendedor de pantufas da serra da Estrela.
Quanto a mim, e passando por cima desta antiga polémica, direi que considero Guimarães uma cidade de montanha pelo seguinte: Para além de haver uma montanha, há um teleférico (o que é exclusivo da cidades de montanha).
Finda a discussão, analisemos agora as vantagens que poderíamos retirar do facto de Guimarães ser tida como uma cidade de montanha:
1- Atraíamos visitantes de todo o pais que até nós acorreriam alimentando a esperança de brincar às lutas de bolas de neve no Inverno (a verdade é que só se aperceberiam que não existia neve depois de cá chegarem, não podendo nessa altura desmarcar as reservas entretanto feitas em hotéis e restaurantes);
2- Revitalizávamos a indústria têxtil e de calçado com a produção massificada de equipamentos de neve, botas de ski e pantufas tipo serra da Estrela;
3- Seríamos a cidade capital da Associação Portuguesa das cidades de Montanha, obtendo por esse meio receita da quotização que imporíamos às cidades da Guarda, Castelo Branco e Covilhã;
4- A venda de automóveis de todo o terreno aumentaria, originando maiores consumos de gasolina, maior poluição e mais rápido desgaste das vias municipais, com todas as vantagens que, obviamente dai decorrem;
5- Abrir-se-iam as portas à criação de um casino (ver o soberbo post do Dr. Otelo de Guimarães), que seria o único casino de montanha do mundo.
Enfim, a simples qualificação de Guimarães como cidade de montanha abriria as portas a um profícuo priodo de desenvolvimento que urge agarrar!
Vamos a isso!

Carlos Guimarães