28.7.06

A LISTA DA GAITA

Actualizada aqui. Com esta verdadeira pérola, ainda Porcina.

GUIA DO PATRIMÓNIO POVEIRO - II a VIII

PATRIMÓNIO POVEIRO - TOP OF THE POPS - TODOS NO TOP

2 - A PRAIA DO CAGALHOTO
Suja, pequena e insuportável: eis os três adjectivos que melhor caracterizam a língua de areia a que muitos chamam praia e que existe na Póvoa de Varzim guarnecida pela cortina de betão da Avenida dos Banhos. Aliás, chamar àquilo praia é o mesmo que chamarem Grande Potência Nuclear às Ilhas Feroé. Quando muito, e graças a certos objectos que no mar poveiro flutuam – e que não são pensos higiénicos ou receptáculos de manteiga – podemos chamar-lhe Plage du Cagaillote. Começou por ser uma praia medicinal graças ao seu iodo. Hoje em dia, esse termo deve manter-se: quem resiste à sua nortada, à sua água a fazer lembrar as praias da Islândia e à sua porcaria, resiste a tudo.

3 - VARZIM SPORT CLUB
Os Lobos do Mar são uma espécie de segundo clube para todos os Vitorianos que só têm um clube, o Vitória. Com efeito, cada vez que as duas equipas se defrontam, há navalhadas afectivas trocadas entre adeptos mais tolerantes. Mas no fundo, e cicatrizados os golpes, temos pelos Lobos do Mar uma simpatia marítima traduzível por um “nós gostamos do Varzim – na segunda, ou no fundo da primeira”. Inesquecível a reciprocidade de sentimentos, legível numa faixa varzinista que dizia “temos o que vocês só sonham: o mar, o sol e as vossas mulheres”.

4 - AS BOLACHAS DIAS
Qual francesinha, qual pescada à Poveira, quais claudinos. O que de melhor há para comer na Póvoa são as deliciosas bolachas Dias. A sua receita destas um segredo aparentemente tão bem guardado que, hoje em dia, não há pastelaria na Junqueira que não as tenha à venda. Estiveram a um passo de se internacionalizar, sob o nome de Days Cookies.

5 - OS APELIDOS MILHAZES, MORIM, AMORIM E NOVO
Se as Taipas são conhecidas pelos inúmeros Marques, a Póvoa não fica atrás em termos de nomenclatura própria. Quais clãs escoceses, estes são os nomes do puro sangue Poveiro. Que o diga este grande senhor.

6 - PÓVOA DE PEQUIM
Com a chegada de largos milhares de chineses a Portugal, todos nos questionamos quanto tempo falta para começarem a aparecer as primeiras China-towns com cunho lusitano. Pois a questão já tem resposta: basta passear pela Póvoa e contar as dezenas de lojas de artigos orientais que por cá florescem como a murta. Ou então ir ao Mindelo. Se não se quiser fazer tal exercício, é favor ir ao casino ver qual a nacionalidade maioritária dos jogadores.

7 - OS VIMARANENSES
Eis outra grande manifestação de património poveiro. Sem os vimaranenses - traduzidos, na Póvoa, pelo binómio famílias no Verão - amantes no Inverno, a Póvoa não seria o que é hoje. É que esta cabeça de Jano vimaranense é responsável pelo desenvolvimento da economia local, do mercado imobiliário e da indústria do sexo. Tal como a nossa vimaranensidade se expressa numa ou em várias idas à Póvoa, um sinal de varzinidade é ter um industrial do Ave como amante ou alugar um quarto barra vender um apartamento a uma família típica de vimaranenses.

8 - O S. PEDRO
As festas de S. Pedro ocorrem de 28 para 29 de Junho. Basicamente, estas festas são feitas pelos bairros da Póvoa (Norte, Sul, Matriz, Mariadeira, Regufe e Belém) que fazem rusgas uns aos outros, com os seus carros alegóricos, tronos e uma ou outra performance. Nada de anormal até agora, não fosse a forte rivalidade entre os bairros que transforma esta festividade num espectáculo de alto risco: é que nunca se sabe quando é que uma rusga acaba à batatada. Eis, pois, o toque surrealista do S. Pedrinho, toque esse que faz destas festas as melhores do país.

De fora do património Poveiro ficam injustamente, o Quiosque do Cego do Maio, o Clube Naval, o Antiquário da Rua da Junqueira - que, para muitos, arruinou a juventude poveira com o seu high pricing aplicado aos discos-, o Casino e os cafés Guarda-Sol, Diana Bar, Marzim e a rua dos Cafés que, por sinal, não tem nenhum. Para todos, uma honrosa menção.

É tempo de voltar à minha Guimarães natal. Afinal de contas, já estou moreno, farto da Póvoa e com vontade de mergulhar no espírito gualteriano. Até para o ano, PVZ, obrigado por seres como és.

Jacques Guimarães

26.7.06

GUIA DO PATRIMÓNIO POVEIRO I

AS SIGLAS POVEIRAS
Sabia que as siglas poveiras são de origem Viking? Sabia que ninguém - excepto a casa dos Pescadores - anda a fazer nada para preservar este património imaterial? Sabia que existe uma edição d'Os Maias nesta forma de proto-escrita? Sabia que até 1845 a imprensa local publicava duas colunas de informação piscatória escritas com siglas? Vale a pena conhecer a história das Siglas Poveiras, descortinar as duas inverdades aqui apresentadas e tentar escrever "Era uma pescada à Poveira, por favor". Aqui pode ler-se "A Família Milhazes da Mariadeira é a maior, que se quilhem os Antunes, esses pescadores de meia tigela de origem vilacondense que moram no bairro Sul mas que já são caxineiros".

POSTAIS DA GUIMARÃES EM CALÇÕES IV

PATRIMÓNIO POVEIRO - TOP OF THE POPS - INTRO
Como é sabido, a Póvoa de Varzim é uma cidade vencida pela erosão que o tempo nela provocou. Apesar de ter sido fundada durante a época romana, como Villa Euracini (sim, tipo o centro comercial), muito pouco resta da passagem dos tempos da história por aquele lugar. Tal como a nortada, as gentes trataram de varrer tudo dali. E nem monumentos falsos como o nosso PD lá deixaram ficar.
Contudo, a falta de uma centralidade historicamente definida não pode ser encarada como uma tragédia. Daqui a duzentos anos, a Póvoa - mais concretamente a avenida dos Banhos - vai ser, a par do Algarve, um fantástico museu do final do Séc. XX português. Isto se o mar não conseguir vencer a muralha de betão que o separa da estrada nacional. Ou seja, o que hoje é tragédia, amanhã pode muito bem ser monumento nacional. Já estamos a imaginar. 2206, mês de Agosto: senhoras e senhores, zorgas e zorgs, bem-vindos ao betonário da Póvoa de Varzim. Durante o nosso passeio de submarino, poderão observar a fachada Pós-Abrilista da antiga avenida marginal. Estes edifícios respirariam História se estivessem ao ar livre.
Bom, deixemo-nos de tretas e vamos ao que interessa. É altura de responder às perguntas mais prementes: a Póvoa tem património? Como posso conhecê-lo? Há vida em Vénus? As francesinhas do Guarda Sol são boas?
Eis, caros leitores, o famigerado

Guia do Património Poveiro.
(segue no próximo post)

25.7.06

TROCA DE MIMOS II

No surf @ web # 3, ele escolhe-nos a nós. E nós agradecemos, porque a boa educação e o cavalheirismo estão-nos entranhados nos genes.

POSTAIS DA GUIMARÃES EM CALÇÕES III

imagem surripiada daqui

PERGUNTAR NÃO OFENDE
Considerando a ruinosa gestão betoneira que desgraçou a Póvoa de Varzim dos anos setenta aos nossos dias, considerando o facto da economia, cultura e lazer local apenas indiciarem prosperidade nos meses de estio, bem como considerando o facto do concelho de Guimarães ter 161 876 habitantes e o da Póvoa 63 469 (números citados de cor), seria viável a realização de um referendo bi-concelhio para se plebiscitar a anexação do concelho da Póva de Varzim a Guimarães? E seria de esperar uma Vitória de Guimarães?

JG

20.7.06

POSTAIS DA GUIMARÃES EM CALÇÕES II

foto gentilmente surripiada aqui

A GAITA
(actualizado)
Rádio Azul, Publipóvoa, Publimar, Rádio Onda-Viva, Puta da Gaita ou pura e simplesmente Gaita. Assim se chama o sound system da Avenida dos Banhos, que, desde há mais detrinta anos, debita publicidade risível e música, alguma de gosto muito duvidoso. Começou com decibéis em demasia, de modo a fazer-se ouvir para além da Raça de Ouros (Praça de Touros antes do restauro). Hoje em dia, os níveis de poluição sonora estão mais controlados. Ainda assim, consegue estragar tardes de praia a muito boa gente.
Todos os vimaranenses de calções que já cruzaram a barreira dos trinta devem entre dez a noventa e dois por cento da sua educação musical infanto-juvenil a esta Gaita. Banda sonora forçada de romances de verão, beijos com língua, maminhas e pilinhas, beach ball, cornetos de moka e outros gelados no D. Pasolini ou na Biancaneve, laranjina C e corridas de bicicleta, a Gaita é já, por mérito próprio, uma instituição do kitsch poveirinho. A ela, pois, a minha sentida homenagem, apresentando neste espaço as

40 MAIS MÍTICAS CANÇÕES DA GAITA 1980 - 1989.

Inquestionável Número 1
Jim Diamond - I Should Have Known Better (Quem Chora Não Berra)





E as restantes, por ordem alfabética:
A-Ha - Take On Me
Alphaville - Forever Young
Berlin - Take My Breath Away
Barry White - Can't Get Enough Of Your Love
Boy George - Everything I Own
Cindy Lauper - Time After Time
Elton John - Nikita
Eurythmics - There Must Be An Angel
Frankie Goes To Hollywood - Relax
Gal Costa & Michael Sullivan - Um Dia de Domingo
Glenn Medeiros - Nothing's Gonna Change My Love For You
George Michael - Careless Whisper
Heróis do Mar - O Inventor
Jean-Michel Jarre - Rendez-Vous
Katrina & The Waves - Walking On Sunshine
Limahl - Neverending Story
Lionel Ritchie - All Night Long
Madonna - La Isla Bonita
Modern Talking - You're My Heart, You're My Soul
Olivia Newton-John - Physicall
Paul McCartney & The Wings - No More Lonely Nights
Pet Shop Boys - West End Girls
Paul Young - Everytime You Go Away
Phil Collins - Against All Odds
Prefab Sprout - Cars And Girls
Richard Clayderman - Ballade Pour Adeline
Rick Astley - Never Gonna Give You Up
Rod Stewart - Baby Jane
Roxy Music - Don't Stop The Dance
Sabrina - Boys
Sade -Sweetest Tabu
Scorpions - Still Loving You
Simply Red - Holding Back The Years
Stevie Wonder - Part Time Lover
Sting - Russians
Tears For Fears - Everybody Wants To Rule The World
Tina Turner - We Don't Need Another Hero
The Cars - Drive
USA for Africa - We Are The World
Wham -Wake Me Up Before You Go-Go

Actualizações
Dire Straits - So Far Away
Eddie Grant - Don't Wanna Dance
Eddie Grant - Johanna
Opus - Live Is Life
Roque Santeiro - Abertura
Rod Stewart - Do Ya Think I'm Sexy
Sandra - Maria Magdalena
Tina Turner & Cher - Shame, Shame, Shame
Como estas, há obviamente mais. Basta deixarem o link do videoclip na caixa de comentários e cedo verá a luz um segundo volume. Não se esqueçam, caros leitores: a música tem que ter passado mais do que uma vez na Gaita. E já agora, se quiserem arriscar contar o vosso verão azul ao som da Gaita...
JG

19.7.06

SPEAK TO US, LADS

Ao mesmo tempo que as fazíamos, as nossas preces eram ouvidas. Em Dezembro de 05 aparecia o Spicka. Consistência ganha, regularidade alcançada, a cidade passa a ser olhada de uma forma diferente: rigorosa e atrevida, atenta e leve, com um design como deve ser. Finalmente há um sentir a cidade que não se expressa só a falar do Vitória, do Centro Histórico e da Câmara Municipal. Graças ao Spicka, somos todos mais urbanos, estamos todos mais na moda, sabemos todos muito mais sobre o que fazer no lugar onde vivemos. E GMR até parece pulsar.
Jacques Guimarães

18.7.06

POSTAIS DA GUIMARÃES EM CALÇÕES I


ALA-ARRIBA
As férias na Póvoa de Varzim são sinónimo de vimaranensidade em estado puro. Frequentar a iodal praia, a sua agressiva nortada, as suas águas polarmente gélidas e dizer que se gosta dali estar é quase tão importante para quem se diz bom vimaranense como malhar finos na Martins num sábado à noite. Assim, e durante os próximos dias, é da Avenida dos Banhos que vos escrevo, ao som das ondas do mar, das batidas house do It bar, dos aceleras em carros quitados e da gaita publicitária que, para além do mítico supermercado das alcatifas e cortinados da Póvoa, nos brinda, todos os dias e para nosso deleite com o magistral hino Poveiro "Oh, Póvoa do mar imenso / ondas rolam sobre o mar / Lindas tricanas na praia / Deitam cantigas ao mar”. Afinal é confortável saber que não somos os únicos que têm hino da cidade.
Benvindos ao estio vimaranense na língua de praia que nós detestamos amar tanto.
JG

4800 TOPS - AS PIORES ESPLANADAS DA CIDADE

Numa altura de canícula, nem esplanadar apetece. Contudo, há certos lugares onde nem com uma leve brisa se deve ir. Aqui estão as três piores esplanadas da downtown vimaranense.

1 – Hotel Ibis - estar ali a tomar café ou na central de camionagem só difere no preço. De resto, vêem-se passar camionetas, inspira-se o fluvial ar pôdre do Rio Couros e degusta-se o mais agressivo CO2 da cidade. Nunca lá se viu alguém.

2 – Café Vitória – Situada na curva que une a Conde Margaride à Paio Galvão – ou seja num dos sítios mais insuportáveis a nível da trilogia carros, gente e poluição - a esplanada do Café Vitória é o ponto certo para quem gosta de correr o risco de comer com um esgicho de óleo de um TUG ou mesmo até com um carro em despiste.

3 – Jardim de S. Francisco – Ponto de encontro entre prostitutas, prostitutos e reformados, é local de conversas escatologicamente interessantes, acompanhadas por música de rádio em decibeis insuportáveis. Apesar da sombra, os índices de parolismo são demasiado elevados para o cidadão meridiano. A esplanada errada no sítio certo.

AMERICAN BEAUTY

Ontem, enquanto fazia as últimas compras antes de rumar a Guimarães Em Calções, encontrei Júlio Braga Guimarães no hipermercado. Estava melancólico. Andava à procura de ar condicionado. Falámos sobre a cidade, sobre o calor e sobre o Bacari. Disse-lhe que era capaz de ser bomcom cola. Depois, ambos fomos furtar um queijo mozzarela. Eis senão quando, Júlio vidra o olhar no firmamento de lâmpadas de filamentos do hiper e diz-me, num inesquecível tom coloquial:
- Nos idos anos de oitenta, três inseparáveis amigas de liceu espalhavam pela cidade estilo. Estilo no modo de vestir, de andar, de fumar, de falar sem sotaque mas com pronúncia. Representavam para nós, então quase finalistas, a beleza urbana em todo o seu esplendor. Uma beleza de cidade cosmopolita. Elas eram as grandes mulheres da cidade pequena, mas que sempre teriam espaço em Londres, Barcelona ou Roma. Não eram as boazonas nem nada que se parecesse. Estavam três divisões acima dessas. Eram as mulheres-cinema, de uma beleza fílmica.
Tocado com tão eloquente discurso, apenas consegui perguntar a Júlio se estava bem, o que fiz da seguinte forma:
- Júlio, ‘tá tudo?
Júlio não respondeu à minha pergunta. Antes apontou para três mães de família, que discutiam preços e propriedades de produtos de beleza, que falavam nos after-shaves dos maridos e que aturavam as birras dos filhos, acedendo às suas vontades numa de master and servant.
- É, também, a beleza da cidade que desaparece.
Concluiu, enigmático, antes de furtar um livro da Taschen sobre as pinturas de Ingrès.
JG

12.7.06

NOTAS AFONSENRIQUINAS

Um dos objectivos disto é a reconstituição, a três dimensões, do rosto de Afonso Henriques. Qual seria a reacção dos altamente nacionais e dos altamente vimaranenses se o resultado final pudesse aferir, sem dúvidas, que Afonso Henriques era cigano, mas de ascendência judaica, anão, careca e de traços muito femininos?
JG

11.7.06

EINE KLEINE CHACHADEN IN DREI ACTEN

ACT 1.
Uma característica comum no vimaranense é a sua parca capacidade de encaixe. Há certas coisas que não se podem beliscar ou, a serem beliscadas, só o podem ser por vimaranenses. Um pouco como Agecanonix dizia: “não tenho nada contra os [humoristas] estrangeiros, mas eles lá e eu cá”. Assim se explica o facto dos autores deste blog ainda não terem sido espancados: basta sacar de cartão de sócio do VSC e tudo nos é perdoado.
Circula ódio por entre todos os bons vimaranenses. Pelos vistos, alguém decidiu fazer humor com a nossa cidade por alturas do vinte e quatro do seis. Não foram estes, foi este.



ACT 2.
Sobre o texto em si, é categórico que, enquanto exercício de humor, é um profundo acto falhado, sem piada nenhuma, por muito que o autor creia no contrário. Mais valia ter-se encomendado um texto ao RAP, que aí sim, Guimarães era destruída de alto a baixo com nível e com piada, que é o que se quer. O texto em análise mais não é que um escrito neutro, insosso e que tenta fazer rir com piadas sobre a cidade mais velhas e batidas que a Sé de... Braga. Um pouco à imagem do esforçado Badaró ou dos neófitos Batanetes. De resto, é pura opinião com a qual até podemos concordar: efectivamente, a tragédia de ser português está toda ali, atrás do Castelo, há muito tempo.
Duas notas – estas sim mais graves – merecem considerações – estas sim menos graves.
Em primeiro lugar, fica o autor com a certeza de que Guimarães cheira mal. Partindo do pressuposto de que não se trata de uma piada, mas sim de um facto, resta saber se, no seu périplo vimaranense, o autor
a) apenas contemplou Guimarães da lixeira de Gonça, o que faz com que a sua afirmação seja verdadeira;
b) terá pisado algum dejecto animal e com ele caminhado durante horas, o que faz com que a sua afirmação seja verdadeira;
c) tenha decidido ir a banhos no rio Couros, o que faz com que a sua afirmação seja verdadeira, bem como faz com que necessite de rápida e urgente vacinação.
Em segundo lugar, a saudação nazi feita pelos claqueiros da cidade: neste caso, não se questiona o desconhecimento da triste realidade futeboleira por parte do autor. Ora, sendo eu um ultra e conhecendo alguns nazis, posso afiançar-lhe que aquele braço erguido é nazi como toda e qualquer mão fechada é sempre sinónimo de estalinismo (veja-se a concentração de estalinistas e nazis, em simbiose e harmonia, nos concertos de rock da pesada). A última vez que vi a saudação nazi ser feita em Guimarães foi, há atrasado, quando um grupo de partidários da extrema direita portuguesa, por sinal todos eles calvos e oriundos da cidade do autor do texto (frise-se com o mesmo estilo e nível humorístico do autor), se juntou em torno da estátua de Afonso Henriques feita por Soares Dorreis.



ACT 3.
Como diria Mel Brooks, “Tragedy is when I cut my finger. Comedy is when you walk into an open sewer and die”. Ou seja, e ainda no caso em questão, fico sem saber se é cómico ou trágico quando um presidente da câmara responde a um texto pseudo humorístico sobre a cidade onde vivemos. Faria ele o mesmo a Saramago por este ter enxovalhado Guimarães de alto a baixo nas suas Viagens a Portugal? Depois da resposta do presidente da edilidade – qual Zidane cabeceando em Materazzi, oferecendo de bandeja os três pontos ao adversário – fico mesmo sem saber se Guimarães não tresanda um bocadinho... a carapuço enfiado.
Jacques Guimarães

ENTRE BERLIM E VARZIM

Depois de um mês na Alemanha, a respirar futebol, a encharcar-me de cerveja e a devorar doses industriais de Rohwurst, Kochwurst, Brühwurst, Bratwurst, Weisswurst, Thüringer Rostbratwurst e Berliner Wurst, páro uns dias na minha cidade, antes da partida para a Guimarães em Calções. Durante a minha estadia em terras de Rilke, sou confrontado com sete jogos dos "Filipiços", com risos e esquecimento, com Meiras e Pauletas, bem como com telefonemas a solicitarem-me um encontro com uma das cinco maiores figuras da cultura pop vimaranense. De regresso, tomo conhecimento dos assuntos do momento: a tentativa gorada de abertura do túmulo do nosso concidadão Afonso Henriques e, claro, a publicação de um texto que incendiou o vimaranensismo. Enfim, a silly season chegou. E eu também.
JG