31.1.06

TROCA DE MIMOS

Foi com uma honra do tamanho do Pedralva* que lemos isto. Esta referência, vinda de uma instituição com o gabarito, prestígio e excelência da SMS, enche-nos de orgulho. A continuar assim, ainda vamos passar o Natal à Rua de Paio Galvão. Como singela forma de retribuição, desde já nos disponibilizamos para alinhavar um Ensaio Sobre a Vimaranensidade na próxima Revista de Guimarães.
CG, JG & OdG

* sobre o desacerto da sua localização está na forja um pequeno post. Stay tuned on 4800 GMR.

O HOMEM DA CIDADE

Em primeiro lugar, o nome. Se fosse José de Fafe mais parecia Bruxo, se fosse José das Taipas mais parecia um Cutileiro. Mas o Mestre José Maria Fernandes Marques optou por honrar a Cidade que o viu nascer: Guimarães, José de Guimarães. A Cidade lá o vai tentando honrar: uma escultura aqui (na Universidade), uma colecção acolá (no Paço dos Duques). Mas falta mais. Falta algo gigante. Gigante no tamanho e na qualidade, uma grande obra num grande local, que honre o Artista que honra a Cidade, que honre a Cidade que honra o Artista. Essa obra há-de ser um beijo que o Artista dá à Cidade que leva no nome para todos os lugares e um abraço que a Cidade dá ao Artista que a tem no nome em todas as cidades. E já agora uma placa ali na Casa Roberto, bem perto do Aqui nasceu Portugal. Aqui nasceu José de Guimarães. Mesmo que não tenha nascido ali, não interessa.
O nosso José de. Ontem, no Biography Channel. Hoje, outra vez, às cinco da tarde.
JG

30.1.06

4800 QUIZZ: O ESTADO ACTUAL DO VSC

Todos sabemos que algo está mal. Que a máquina não engrena. Que a estrelinha não brilha. Que o azar persegue e esconde-se à espreita. Importa perguntar "qual a causa das coisas"? Teste os seus conhecimentos sobre a crise do Vitória, agudizada pela humilhante derrota contra a equipa de futebol do Arcebispado Mais Próximo. Prove que com a sua sabedoria, Vitor Magalhães tem um rival à altura. E sem brilhantina.

1 – Depois de Tiero, é a vez de Gallardo debandar do Vitória. Isto acontece porque...
a) os contratos dos novos jogadores do VSC têm uma clásusula de deserção.
b) afinal, Gallardo só viu a posição do VSC na tabela na passada segunda feira.
c) ao dizer que queria ganhar a Taça de Portugal, foi apupado pelos adeptos que o acusaram de ser pouco ambicioso.

2 – Antchouet terá socado um adepto vitoriano que o terá provocado. Pelos vistos, o agredido adepto terá dito que se não fosse Antchouet quem é, o tinha desfeito. Isto apesar de o dito adepto ter apresentado queixa contra o Antchouet que não o desfez. Isto quer dizer que...
a) o adepto agressor estava numa de porrada e que ia bater na primeira pessoa que passasse na rua.
b) o adepto agressor só ao quinto soco que apanhou é que reconheceu que era Antchouet quem lhe batia.
c) Antchouet reconheceu que estava a bater num adepto e não no Cléber e, portanto, decidiu parar.

3 – Mais uma derrota, desta vez contra o Braga. Isto significa que
a) o Vitória parece querer demonstrar ao mundo do futebol que se pode fazer uma caminhada galopante rumo à Liga de Honra.
b) a coisa está muito mais grave do que muita gente pensa.
c) O João Tomás - que fazia compras no GuimarãeShopping - não sabe o que diz mas sabe o que faz.
d) Fomos gamados e há uma cabala muito bem montada para nos mandar para a liga de Honra.

4 – Num post publicado a 19 de Janeiro, o D. Afonso Henriques, blog de eméritos vitorianos, pela pena do seu escriba Gregório Freixo, metaforiza dizendo que há um abutre a rondar a cidade. Obviamente refere-se a...
a) alguém que não identifica por temor.
b) alguém que não identifica por ser um ex presidente do VSC.
c) alguém que não identifica porque na Srª da Guia há mais que uma pastelaria.
d) a uma ave que foi vista pelos jogadores do vitória, durante um treino, a sobrevoar a unidade (sendo que todos ficaram a olhar, excepto o Saganowski que correu sessenta metros com a bola e, perante um Nilson a olhar o abutre, atirou ao poste).

5 – Quando a Lógica e o Racionalismo falham, temos tendência a virar-nos para o Divino, para o Sobrenatural, para o Metafísico. Depois de Alexandrino e do Bruxo de Fafe, qual a nacionalidade do próximo actual acompanhante espiritual do Vitória?
a) Marroquina.
b) Vizelense.
c) Brasileira.

COROLÁRIO DO FIM DE SEMANA

Se tomarmos por verdade objectiva o que peremptoriamente foi afirmado em todos os canais de televisão no dia de ontem, é com toda a lógica silogistica que dizemos que “Guimarães foi uma das cidades de todo Portugal que acordou coberta de neve”. Ou pelo menos que “tal como em todo o Portugal, também nevou em Guimarães”. Corolário: quando, invulgarmente e ao contrário do Sul de Portugal e de Lisboa, Guimarães for assolada por uma vaga de calor vinda do Sahara, espero que os ditos canais afirmem que “Vaga de calor do deserto aquece Portugal”. Mesmo que em Lisboa chova.

CARTILHA 4800 - LETRA Q

Quim, que quer um queque, queixa-se do quanto lhe custa quantificar os queques que já comeu. É um quebra-cabeças, confessa, enquanto que Quirina lhe compra mais quinze queques e uma quiche de queijo na Quintã.

27.1.06

UMA SUGESTÃOZINHA (DEPOIS MANDEM OS BILHETES)

Como é do domínio comum, hoje, dia 27 de Janeiro, assinalam-se os duzentos e cinquenta anos do nascimento de um dos quatro maiores génios da música de todos os tempos: Wolfgang Amadeus Mozart. Por isso – e muito bem – alguém decidiu que este ano era Ano Mozart. Ora, o Ano Mozart consiste, mais coisa menos coisa, em oferecer Mozart às pessoas (há estudos que dizem que quanto mais Mozart se ouve, mais inteligente se fica, e que o diga o próprio). Portanto, e um pouco por toda a parte, sucedem-se os concertos, as óperas, as sinfonias e a missa dos mortos.
Mas, o que tem este austríaco genial a ver com a nossa também genial cidade? Sabemos que Mozart andou em digressão por toda a Europa. Sabemos que tocou nas cortes mais respeitadas e requintadas. Reza a lenda que Mozart terá estado perto do Rio Ave numa dessas digressões, mas por mero engano. Com efeito, o Grande Génio esteve de passagem em Santiago de Compostela – onde deu um concerto, o célebre Wolgang, Live At Santiaguiño 1768- e queria chegar a Madrid. Um erro de percurso tê-lo-à feito pernoitar nas margens do Ave – provavelmente das termas das Taipas, já que Mozart não devia muito à saúde. Essa estadia marcou o compositor e repercutiu-se na sua obra, concretamente na ópera A Flauta Mágica onde Papageno e Papagena, as personagens, não são mais do que... aves. Atendendo ao simbolismo dessa Ópera – uma homenagem à maçonaria a que Mozart pertenceu – é fácil constatar que as duas Aves não são mais que o retrato apaixonado do Rio Ave e de um qualquer seu afluente, o que prova que Mozart andou por aqui.
Se por aqui andou, aqui merece ser homenageado. E o que faz Guimarães por Mozart? Consultando a programação do nosso vulcão cultural, o CCVF, verificamos que até 31 de Março, data em que esta programação acaba, Mozart, praticamente, nem vê-lo. Das cinco iniciativas musicais que o poderiam abraçar – uma vez que não nem J.P. Simões nem os Eu fizeram versões mais ou menos pop da Flauta Mágica – apenas três passam ao de leve por Mozart, e sempre em recitais onde o Grande Génio convive com outros compositores. É assim a 10, 24 e 30 de Março. Ora, eu não tenho nada contra Schubert e Schummann e Bruch, mas que los hay, los hay e todos têm o som “ch” no nome, o que não acontece com Mozart. Não há, pois, um único concerto de Mozart, para Mozart e sobre Mozart. Nada se fez – ainda - para assinalar a efeméride e o ano em que estamos.
Ora, pergunto eu, não seria de bom tom aproveitar as potencialidades do CCVF e oferecer Mozart à cidade, num concerto a solo? Como e quando? perguntarão os melómanos leitores. A resposta é simples: programando, com a devida antecedência, alguma coisa – que é algo que não se está a fazer. o dia do ducentésimo quinquagésimo aniversário do nascimento do Grande Génio já ardeu, por falta de antecedência na programação. Ninguém se deve ter lembrado. Resta-nos, pois, o segundo, terceiro e quarto trimestre para levar a cabo qualquer coisa: seja Ópera (há quanto tempo Guimarães não vê uma?), seja Sinfonia (bota a nº 25, Vila Flor, que a malta aplaude), seja o clássico Requiem no dia cinco do doze (data da morte, em 1791, do Grande Génio). Obviamente que, do lado oficial, a resposta deve indicar que já está tudo a ser tratado. Mas nós sabemos que não. Pelo que, se Guimarães tiver qualquer coisa de Ano Mozart, este blog inchará de orgulho e pedirá bilhetes à pala a quem de direito.
Jacques Guimarães

VIAGEM NA MINHA RUA EM SETE CAPÍTULOS

CAPÍTULO ZERO
Esta viagem começa com a minha chegada à minha cidade, ontem de manhã, vindo de uma noite de excessos no Porto. Às sete e cinquenta e um apanhei o “suburbáno” e uma hora e pouco depois já estava – como uma flecha – na minha esplêndida cidade: Guimarães. Como qualquer pessoa que aqui chega de comboio, desembarquei na gare de Guimarães (a gêgê, como é carinhosamente apelidada). O que se segue, é uma autêntica epopeia de seiscentos e oitenta metros, que começa à saida da dita gare, pouco depois das nove da manhã.

CAPÍTULO UM
Quem sai da Estação, uma das primeiras coisas que vislumbra é a pastelaria Património Mundial – onde me sentei a pequenoalmoçar e a ler o Desportivo de Guimarães. Esta pastelaria tem a virtude de colocar uma série de questões à cidade, à sua ordem, ao seu espaço e ao seu espírito. A primeira delas é “o que faz uma pastelaria com esse nome num sítio daqueles?" Era a mesma coisa que ter uma Medieval no bairro do Salgueiral ou um restaurante “O Modernista” na rua de Santa Maria. A segunda questão é esta: quem é que escolheu o logo desta pastelaria? Será que as entidades que fiscalizam essas coisas dos logos não se apercebem do básico? É que o dito mais não é que o uso descarado, cuspido e escarrado do símbolo da Unesco do Património da Humanidade acrescido de um P e de um M no seu meio. A continuar assim, não se admirem que haja um clube chamado Os Afonso Henriques que tem um emblema praticamente igual ao do Vitória, só que o nosso Rei não tem barba e bigode. A terceira é uma Mania Vimaranense: porque é que se chama Património/Fundador/Conquistador/ a cerca de vinte e cinco por cento do nosso comércio? Porque não Café Silva? Outra dúvida que esta pastelaria põe a nu é que nunca se sabe muito bem o que Guimarães verdadeiramente é: se Património Mundial, se Património da Humanidade, se as duas coisas, se uma, se tudo com maiúsculas ou não. Enfim, eram as dez da manhã quando de lá saí confuso, humilhado na minha condição de ser um vimaranense sem resposta. E lembrei o “Guimarães que Amanhece”: “Cansados vão os corpos para casa...”

CAPÍTULO DOIS
E cansado andei cerca de três metros até me confrontar com um dos mais acertados statements que esta cidade ostenta: uma placa de um stand de automóveis que diz – e cito – Braga Mal. Nada mais certo, pensei, enquando o sol me aquecia o toutiço. Só falta mesmo o "Braga Mal, Guimarães Bem", nesta sempiterna luta das forças do Bem contra Braga. Passada a Residencial Transmontana, onde vivi tórridas noites de lascívia (antes de ter posses económicas que me permitissem ir passá-las para o Hotel Fundador e, agora, para a Pousada da Costa), vislumbro a lendária Mobiladora da Estação: uma loja com tradição aberta aos desígnios dos tempos que correm, uma vez que já vende mobiliário sueco feito em Paços de Ferreira e tem no seu letreiro “estófos” escrito, precisamente, com acento no “o”. Não resisti e após vinte minutos de conversa em que o proprietário da Mobiladora me advertiu que os “acentos” ali eram outros, adquiri um belíssimo banco sueco igual ao dos ginásios, só que feito em Estocolmo numa fábrica em Codessos – que eu não sabia que era nos arredores dessa insígne metrópole.

CAPÍTULO TRÊS
Estava, pois, pronto para iniciar a descida da mais fascinante avenida de Guimarães, da única artéria da cidade digna desse nome: a Avenida D. Afonso Henriques. Uma hora e meia depois de ter chegado à Cidade, estendiam-se, à minha frente, quinhentos e cinquenta metros de rua que culminam numa mega paragem de autocarros a céu aberto. A imponência de uma grande cidade está toda aqui, nesta rua, na sua grandeza e nas suas histórias.

CAPÍTULO QUATRO
E a primeira história acontece logo no exacto momento em que deixo que o meu cabelo seja massajado pelas mãos competentes das cabeleireiras da Belle Femme. Sei que isto de cortar o cabelo numa não-barbearia não é muito de homem, nem se fala de futebol nem de mulheres. Mas ao menos vêem-se, coisa que é rara – por temor, quem sabe – numa barbearia típica. Era quase meio dia, afinal de contas. Tempo ideal para ir comprar mobiliário de escritório na Gilfer. Fui recebido como um rei pelo senhor Gilfer, que me aconselhou vivamente a comprar uma mesa de macacaúba que ele tinha feito para um industrial que, entretanto, fugiu para o Brasil, impossibilitando, assim, o senhor Gilfer de fazer duzentos contos. Ajudei-o eu, ainda meio zonzo com o corte de cabelo depois do pequeno almoço. E segui, rua abaixo, de mão no bolso, a assobiar contente, com o sol a abrilhantar o meu passeio descendente. Próxima paragem, o Centro Cultural de Vila Flor. Coisa rápida, já que praticamente e em todo o Portugal, a cultura só começa depois das duas da tarde. Como ainda só era meio dia, visitei a Caixa Para Guardar O Vazio e os Percursos Na Paisagem. Ainda tive tempo para me altercar com o rapaz que estava no café bar e que não estava a passar Rachmaninov, quando um final de manhã solarengo assim o exige.

CAPÍTULO CINCO
Atravessei o passeio e aproveitei para ir contemplar, de um ponto de vista poético, um dos melhores miradouros da cidade: aquele que nos é oferecido na entrada da Garagem de Serviço Vila Flor: vi, sobretudo, uma cidade de betão a sonhar em ser maior, a querer crescer. E, claro, o Pub Paris, centro de umas quantas noites de deboche em tempos loucos de juventude. Era uma da tarde quando desci a rampinha e dei por mim a beber um verde tinto zurrapeiro no Telheiro, uma verdadeira instituição desta cidade, já que está aberta quase todas as horas do dia e da noite. Quando regressei à Avenida já passava das três da tarde e eu já estava bem bebido, de lábios enegrecidos pelo sumo de uva. O que se segue, não me lembro bem. Sei apenas que fui expulso do estabelecimento de restauração Filho do Zé da Curva, por me ter insurgido com o facto de, na sua tabuleta, estar escrito Pastelaria-Cervejaria quando, na verdade, o dito estabelecimento é um restaurante. É que o binómio Pastelaria-Cervejaria não combina: ou se é uma coisa ou outra, sendo que a uma pode acoplar-se o Confeitaria ou o Café e a outra pode acoplar-se, igualmente, o Café e o Snack Bar. Acusei o dono de ser um infinito poço de contradições e mandei-o dar uma curva antes de ele me expulsar do seu estabelecimento. Creio que ainda fui partir dois cooling systems ao Jordão, numa tentativa desesperada de voltar a entrar naquele teatro.

CAPÍTULO SEIS
Depois deste lamentável episódio que mancha uma épica descida da Avenida Afonso Henriques, mais outro que em nada abona a meu favor: muito embriagad, fui tentar comprar ecstasy à Drogaria Moderna. Nada mais natural, pensei eu, atendendo ao nome do estabelecimento. Mas pelos vistos enganei-me e a coisa quase que acabava com polícia à mistura. Foi tempo, então, de ir restabelecer forças e de me alimentar convenientemente. O final da Avenida estava à vista e era preciso acabar em grande. E foi isso que fiz, escolhendo o Café Danúbio para comer Nervos de Vitela à Danúbio. Estavam deliciosos: pareciam pastilhas elásticas de sabor a carne. Bebi mais três copos de verde tinto da casa, produzido nas traseiras de uma tinturaria na Trofa e tudo acabou como começou: comigo a interrogar-me sobre o porquê de um gorduroso café ter um tão fino designativo. Guimarães é uma cidade misteriosa. Muito misteriosa.

CAPÍTULO SETE
Já restabelecido dos incidentes dos últimos cem metros da descida da Avenida, atingi, sete horas depois de a ter começado a descer, o largo Valentim Moreira de Sá (tetravô do “matador” que representou o nosso Vitória). Foi aí que me apercebi que tinha que apanhar o comboio para regressar ao Porto.

Jacques Guimarães

SEPARADOS À NASCENÇA

Como nos disse, sabiamente, um amigo, “um blog nunca tem pai e mãe, mas tem irmãos”. Este caso não constitui excepção: sendo um franco admirador do Sou Burro, é também um devoto do superior Pedra Formosa. Assim, até se podia dizer que o 4800 é filho dos dois – porque os dois são mais antigos que o 4800 GMR – ou que teve dois filhos, o que contraria a alarvidade que o meu amigo disse - porque o Sou Burro e o Pedra Formosa são, nem mais, que a divisão temátia da confusão mentol que existe no 4800 GMR: o humor e a vimaranensidade. São dois blogs de uma qualidade ímpar. Um faz-nos rir e contemplar o seu aspecto gráfico. O outro é um grande centro de informação sobre a cidade: um baú da vimaranensidade historicamente considerada. São, sem papas na língua, dois grandes blogs, extremamente bons no seu objectivo. A eles e aos seus autores os nossos parabéns (ainda por cima o Sou Burro faz um ano que o é) e o nosso obrigado pela obrigatoriedade da leitura. Guimarães, espiritual e intelectualmente considerada, também agradece, achamos nós, sem, no entanto, ter, obviamente, a convicção, fácil, de uma certeza, pois.

CG, JG & OdG

26.1.06

CARTILHA 4800 - LETRA P

Patrícia acampa na Penha. Despenteada – porque perdeu o pente em Pencelo - dá umas passas num porro no Pio IX. Passa os penedos a pente fino à procura dos pacóvios da Lapinha, que lá param com putas, para lhes pregar partidas.

25.1.06

GMR 4 800 000

"Guimarães ofrece un explícito espectáculo de contrastes. Miles de coches de lujo, los centros comerciales con calles y avenidas llenos de artículos a precios dignos de Nueva York y las colas para adquirir la TV por cable conviven con los mendigos que pueblan la avenida Don Alfonso Henriques y la plaza del Toural, los yonquis que guindan los móviles a los turistas en el Centro Histórico al atardecer y los inmigrantes africanos que pasean por la plaza del Campo de La Feira en actitud de paro irremediable. El diario Público informaba hace unos días que, mientras las ventas de coches sólo crecieron un 3% el año pasado, los aumentos en el segmento de la gama alta no bajan desde el remoto año 2000 de las cifras de dos dígitos, y en algunos casos llegan al 50%. "Un comportamiento excepcional", según la asociación comercial y industrial de la ciudad.
(...)
“Los vimaranenses tenemos a veces delirios de grandeza y damos pasos más grandes que las piernas", dice Arminda Ferreira de Sousa Silva, empleada doméstica en Azurém. "Mi vecina, por ejemplo, pidió un crédito al banco para irse a Brasil porque otra vecina se había ido antes a Punta Cana".
(...) "

Guimarães, Analisis a una Metrópole del Carajo, in El País, 25.01.2084

ERRATA

Tendo em consideração os comentários que foram postos no “poste” anterior, bem como um considerável número de emails recebidos – que pediram o anonimato – urge deixar claro a distinção entre haxixódromo e o heroinódromo enquanto espaços distintos de consumo de drogas leves e duras: um clama pela legalização, o outro pela lendária sala de chuto assistida. Enquanto o futuro se encarrega de não providenciar nem uma nem outra, haxixódromos e heroinódromos hão-de (hádem, para alguns) existir na penumbra e no nevoeiro das grandes metrópoles. Assim, e tendo em conta a confusão gerada pela mescla injusta de heroinódromos e haxixódromos, refazemos este top que passa a ter a seguinte leitura.
Top de Haxixódromos Vimaranenses
1 – PD
2 - PC
3 - Pio IX (perdeu o fulgor da década de noventa)
4 - Travessa que une o Largo do Carmo à Rua Joaquim de Meira;
5 - Largo dos Laranjais, mesmo nas barbas da GNR;
6 - Largo de Santa Clara;
7 – Jardim do Carmo;
8 – Hortas, pela hora de jantar;
9 - “Escritório”, ou seja, a Praça dos Cinemas, ao Shopping;
10 - Monte Largo;

24.1.06

4800 TOPS - HAXIXÓDROMOS MUNICIPAIS

1-Passagem por baixo da Av. Afonso Henriques, que une Couros à Rua de Vila Flor, onde o haxixe é coisa para meninos; esta passagem devia ter uma bolinha no canto superior direito.
2- P.D. - nome carinhoso dado às imediações do Paço dos Duques de Bragança e extensível à Colina Sagrada.
3- Jardim do Carmo: com a sua fonte renascentista, constitui um local de culto para todos aqueles que não têm a coragem tóxica de ir fumar umas ganzas ao P.D.

CARTILHA 4800 - LETRA O

Osvaldo organiza uma orgia na Oliveira e tem um orgasmo no Coconut, enquanto oscula o orgão de Olinda, a organista, e Olinda lhe diz que gosta de osgas, de onanismo e de ovos moles.

23.1.06

O ESPÍRITO DO ESPAÇO EM CINCO PARÁGRAFOS

Parágrafo Um:
Uma das funções de um centro cultural é a capacidade de oferecer ao público uma programação de qualidade, uma programação de - digamos - excelência. É mais que óbvio que fazer ou produzir cultura num centro cultural não é dar ao público aquilo que ele gosta e a que facilmente acede, nem tão pouco promover o mainstream lucrativo. Antes deve ser a oferta de uma alternativa de qualidade com a consequente possibilidade de descoberta e aprendizagem. Deve-se, pois, promover o contacto do público com obras a que dificilmente teria acesso nos ditos circuitos comerciais. Um centro cultural não deve olhar à lei do mercado nem deixar-se guiar pelo lucro fácil. O seu papel deve ser pautado pela oferta qualitativa, capaz de sensibilizar e ensinar. Assim é e deve ser com o cinema, teatro, música e artes visuais. Informar e formar, portanto. Cada coisa no seu lugar, ora pois.

Parágrafo Dois:
A qualidade, como amiúde se comprova, não é sinónimo de "coisas para as elites" e algo de difícil compreensão. É tacanho pensar assim. Reforça-se a ideia do parágrafo um, desta feita sendo muito curto e grosso: cumpre-me dizer que, a nível de programação de um centro cultural, “parolice, não obrigado”.

Parágrafo Três:
No pretérito sábado, como habitualmente, fui jantar a um conhecido restaurante em Moreira de Cónegos. Já bem regado por uma garrafa inteira de Cartuxa, comecei a dissertar sobre a necessidade que todos temos de, de quando em vez, tomarmos um pequeno banho de cultura, de aprendermos qualquer coisa nova depois de jantar. Os vapores etílicos faziam-me sonhar com uma noite em pleno. Dirigi-me, naturalmente, ao Centro Cultural Vila Flor. Chegado ao seu café concerto, deparei-me com a primeira premissa do que escrevinhei no primeiro parágrafo: o concerto de uma banda chamada "Eu", que eu não conhecia e fiquei a conhecer. Contactei com um pop rock melódico e ritmado, feito entre o Porto e Guimarães. Descobri, aprendi e gostei.

Parágrafo Quatro:
O que se seguiu depois é precisamente a negação daquilo que escrevi no Parágrafo Um e a afirmação daquilo que não desejei no Parágrafo Dois: a parolice total e abrangente no Café Concerto do CCVF. Em primeiro lugar, uma breve referência ao ambiente de um café concerto de um centro cultural, traduzido numa fogueira de vaidades absolutamente impressionante, que me deixou estarrecido. Mas pronto, o Café Concerto é in e isso já se sabe. Mas o muito grave, caros leitores, é a total falta de qualidade da música daquele espaço. Numa palavra, bimba. Em duas, muito parola. Em três, uma grande vergonha. Uma mistura pavorosa de techno duvidoso a fazer lembrar festa da espuma ou festa branca numa qualquer disconaite. Tudo isto aos berros e com toda a gente a dançar. Ora, eu não tenho nada contra este tipo de festas. Pelo contrário. Frequento-as em sede própria e divirto-me imenso a partir do décimo gin. Como há pouco referi, cada coisa no seu lugar: é vergonhoso e ultrajante para um centro cultural não zelar pela qualidade da programação musical do seu bar. Mesmo sendo este concessionado a uma conhecida firma de restauração da cidade. É vergonhoso e ultrajante ir à procura de um sítio alternativo e culturalmente estimulante e encontrar um cenário pretensamente jet sete e in, com música tão igual à música de tantos outros lugares que a cidade tem para oferecer e oferece. Mas pior do que este confronto com tão medonha banalidade é pensar que ninguém pensou nisto antes de concessionar o referido espaço. É pensar que ninguém adverte os concessionados que não pode – porque não pode mesmo – ser assim. Que há que manter um nível de qualidade digno (sim, a bold e tudo) de um centro cultural: é que o bar do Centro Cultural de Vila Flor não é nenhuma discoteca privada nem pode ser gerido, a nível de programação musical a bel prazer dos concessionados. Tal como a outros níveis existem obrigações e requisitos impostos pelo próprio espaço em que o bar se insere - serviço, preços e apresentação - a programação musical, como parte integrante do consumo desse espaço, deve ser cuidada e adequada, sob o risco de cair num certo absurdo. Veja-se o que se passa nos cafés ou bares da Casa da Música, de Serralves, de Famalicão, de Vila Real, de Viseu ou de Coimbra, e conclua-se que só aqui é que a falta de gosto, de critério e de nível é rainha.

Parágrafo Quinto:
O espírito do espaço está ferido. O espírito do espaço foi tratado de uma maneira indigna. A minha queixa à gerência apenas surtiu este efeito: “sabe, senhor, isto tem qualidade porque agrada a toda a gente, óh pr'ali tudo a divertir-se”. Com este espírito do espaço, não se admirem se a instalação da Fernanda Fragateiro aparecer toda cabritada, num destes domingos de manhã. Perdoem-me a imagem, mas é mesmo assim.

Jacques Guimarães

19.1.06

SUPER APE

Durante a passagem de ano fui operado de urgência ao nariz. Feri-me na tentativa de comer doze pinhões de um modo artístico, que consistia em atirá-los, aos doze, ao ar e de os comer de uma só vez. O meu pequeno número correu mal e fiquei com um pinhão entalado nas fossas nasais. Não será difícil adivinhar que um dos meus desejos para 2006 foi o de acabar com aquela dor lancinante rapidamente. Felizmente alguém teve a feliz ideia de me partir uma garrafa de M&C na cabeça, o que me aliviou da pungente dor que sentia. Quando acordei no Hospital Srª "de" Oliveira, tinha todos os meus problemas resolvidos. E um dos meus desejos para 2006 realizado. Sorri.
Após uma semana fatigante e já na posse de todas as minhas faculdades físicas e de cerca de 93% das minhas capacidades psíquicas, fui convidado para ir a casa de um amigo jogar ao “Jogo do Risco”. Esse meu amigo mora no problemático Bairro de Nossa Senhora da Conceição e a sua casa é frequentemente palco destes nossos lúdicos e recreativos encontros.
Como toda a gente sabe, e quem não sabe devia saber, este bairro é conhecido popularmente por “Jagunços” e ao seu lado há outro bairro que populaça apelida carinhosamente de “Planeta dos Macacos”. Ao pensar neste último nome veio-me à cabeça uma ideia que poderia tornar Guimarães um verdadeiro polo de atracção turística: tornar-se a primeira cidade do mundo com um parque temático dedicado ao Planeta dos Macacos – refiro-me, obviamente, ao filme.
Foi durante uma das minhas sessões de jogo que proferi esta afirmação. Os meus amigos olharam-me espantados. Temendo que eles pensassem que esta minha ideia poderia ser fruto (sequela) do meu incidente de ano novo ou da consequente operação a que fui sujeito, decidi contar-lhes uma história que se ouve, de quando em vez, por Guimarães. A história do velho sonho da demolição destes bairros para a edificação de apartamentos de luxo naquela que é, sem dúvida, uma zona nobre da cidade. Nesta história é usada também a expressão “logo se vê”, quando se põe a questão do alojamento dos actuais moradores. Os meus amigos ficaram, de imediato, mais sossegados. Continuei a falar sobre a minha ideia e sobre as vantagens que traria à cidade. Guimarães tornar-se-ia a primeira cidade do mundo a ter um parque temático dedicado a este mítico filme que, na sua primeira versão de 1968 conta com a presença do não menos mítico Charlton Heston: que tem tanto de bom (visto que foi opositor do senador MacCarthy) como de mau (foi o presidente da National Riffle Association). Depois tudo seria muito simples: construia-se o parque, soltavam-se uns símios na Penha, no Parque da Cidade (para dar um pouco de realismo à coisa) e fazia-se um pacto entre os cidadãos no qual ficaria estipulado que era proíbido revelar a qualquer turista a razão pela qual se tinha construido o parque. Esta conjugação de uma cidade Património da Humanidade com um parque temático dedicado a um filme de Hollywood, com uma dose considerável de símios a vaguearem pela cidade (caso se reproduzissem) e com o tal secretismo que não revelaria ao turista a origem do parque sería algo único. Algo capaz de atraír, num misto de medo, curiosidade e admiração, centenas de milhar de turistas à nossa bonita cidade. Babilónia meus caros/as!
E se tudo isto resultasse porque não, aproveitando a existência de macacos e dinheiro fresco a circular, tornar aquela zona da cidade numa especie de Gibraltar?
É esta a magia de um nome. Vamos a votos?

Otelo de Guimarães

13.1.06

PLV (PENSADOR LIVRE VIMARANENSE) - O DESENVOLVIMENTO

Já se falou aqui no grande Pensador Livre Vimaranense que foi Martinho Marto. A edificação da sua biografia, através das memórias que cada um tem do grande PLV - algo importantíssimo para a Filosofia Minhota - prossegue, com brilhantismo, neste espaço proveniente do arcebispado mais próximo. Não te deixaremos morrer, Martinho Marto.

12.1.06

ATOARDAS VIMARANENSES

"Com a sucessão de sismos em Lisboa verificada esta semana, temos profundas razões para esperar que, muito brevemente, Guimarães volte a ser capital de Portugal."

O TUNING NA CIDADE

Acabado de chegar da imponente cidade de Madrid, onde me desloco diariamente afim de leccionar Ciência Política na conhecida Universidade Complutense, decidi refastelar o meu exigente estômago com uma das mais típicas iguarias Vimaranenses. Refiro-me, claro está, à francesinha (normal).
Dado o adiantado da hora fui forçado a percorrer mais alguns quilómetros para me dirigir ao Snack Bar “O Cachorrão”, conhecido não só pela sua faustosa e distinta decoração, (sendo mesmo possível referir, a propósito, que não há na Península Ibérica mural de parede mais elegante do que o existente naquele estabelecimento que ostenta a pintura de um cão com um papillon com a bandeira inglesa), mas também pelo ambiente sempre selecto e agradável (a fazer lembrar um clube de cavalheiros londrino, com acabamentos mais baratos).
A francesinha estava divinal, porém causou-me alguns problemas gástricos que me obrigaram a passar boa parte da noite em claro. Para passar o tempo de forma menos sofrível comecei a ver um interessantíssimo documentário sobre tunning no canal Discovery. O documentário era filmado nas cidades de Nova Iorque, Londres, Tóquio e México DF (mais rigorosamente na periferia destas cidades, com a obvia excepção da última que é toda ela uma periferia de si mesma).
Indaguei imediatamente : como é que foi possível deixar Guimarães de fora de um documentário deste tipo? Na verdade Guimarães ombreia com as supra referidas cidades em toda e qualquer matéria, então porque deixar de fora a nossa cidade quando o tema é tunnig, arte na qual alguns Vimaranenses são, como se sabe, exímios!
É certo que Guimarães não é a capital Portuguesa do tunning, esse titulo cabe como se sabe à Vila da Lixa, com os seus boulevards cheios de oficinas de quitanço de viaturas. Mas há entre nós fenómenos tunnigueiros que merecem certamente a atenção dos realizadores de documentários sobre tunning.
O que dizer da nossa concentração tunnig? Não é a maior do país, é certo. Mas é tida como aquela que oferece a todos os amantes deste desporto a maior qualidade. Inclusivamente já lá se viu um Citröen 2 CV com motor de um Audi A3. Às concentrações de tuning desta cidade – muitas delas patrocinadas pela edilidade, num claro sinal de apoio ao desporto concelhio - afluem milhares de tunningueiros, que percorrem centenas de quilómetros para mostrar que dentro deles vive um matarruano sem pudor cuja maior satisfação na vida é publicitar a sua grunhice através do colorido extremamente parolo da sua viatura automóvel!
Mas há mais: quem não se lembra das míticas corridas não não menos mítico “autódromo de Corvite”, cujo inicio era solenemente anunciado por um brilhante foco de luz, que a existir há 2006 anos atrás seria suficientemente forte para trazer até Guimarães os Reis Magos, mudando decisivamente o rumo da história e da própria civilização ocidental como a conhecemos?
E das subidas vertiginosas da montanha da Penha e do monte de Vizela? Quem não se lembra destas corridas feitas de noite, em contra-mão a maioria do tempo e fortemente patrocinadas por bebidas alcoólicas e drogas leves! Já imagino a emoção dos Vimaranenses ao verem reproduzidas no telejornal as filmagens captadas do interior dos carros da BT, filmadas em plena “meia circular de Guimarães”, ou mesmo a passarem a ponte das Taipas em contra-mão.
Mais uma vez, não ficamos atrás das grandes metrópoles mundiais em mais um assunto altamente urbano. Somos sim, e como sempre, ignorados. Até quando?
Carlos Guimarães

CARTILHA 4800 - LETRA N

Nespereira mete nojo, não nutro nada por ela, nego-a; diz Nivaldo a Nanu. Não a negues, Nivaldo. É em Nespereira que fazes nota no narcotráfico, anui Nanu.

10.1.06

DOIS MIL E SEIS: CÁ ESTAMOS NÓS

Depois de um merecido descanso das lides críticas e demagógicas deste blog, eis-nos de volta sem crises de vesícula, preparados para mais um dois mil e seis em Guimarães. Política, desporto, cultura, sociedade e vimaranensidade – não necessariamente por esta ordem – serão as prioridades analíticas que conduzirão à síntese gloriosa e engrandecedora desta cidade. Estamos preparados para dar o litro, sempre que tal nos apeteça. A partir de amanhã – ou de hoje, se o amigo Otelo de Guimarães tiver recuperado de uma flabalabite que lhe afecta o polegar direito e que o impede de escrever – regressaremos em grande estilo, sentindo o pulsar da cidade como o bater do nosso coração.
J, C & O de G